PELOS TEUS MISTÉRIOS CRUS, TEU SAL E TEU CÉU

Da autoridade de quem prova do teu sal e do teu céu

E de quem se banha na tua transpiração;

De quem numa hora está à deriva entre teus seios

Por outra degustando teus divinos e torneados dedos;

Tenho-te como a mais inclemente dama do meu cabaré

A senhora da minha mesa

A cessionária dos meus pecados

A feiticeira que impõem seus preciosos e provocantes vícios

Ao seu despido e sequioso aprendiz.

Das pétalas que exaurem lábios superlativamente hipnotizados

Ao estupor de um prazer jamais sentido pregressamente,

Privilegiado pelos teus mistérios crus

Liberto os aromas recém-paridos pela tua aflorada libido

Através da mais franca vetorização do meu corpo;

Espalho as minhas secretas confissões

Por toda a tua refinada pauta

Reinventando novos e ecléticos arranjos

Para uma música reiteradamente executada.

Se o teu caribenho calor me sob às coxas

Instintivamente respondo verticalizando toda a nossa sintonia;

Como numa batalha de braços, línguas e pernas

Que reinaugura, a cada embate, uma nova arena

Constrói cirurgicamente as nossas mais variadas cenas

Com rito, terminologia e tempo próprios

Longe de uma queda de braços, perto de uma queda de corpos

Traduzindo na desarmonia frenética das nossas ações

A harmonia cabal das nossas sensações.

Marcelo Nazário
Enviado por Marcelo Nazário em 15/04/2012
Reeditado em 17/03/2018
Código do texto: T3614463
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