Baladas Românticas - Azul...

Lembra-te bem! Azul-celeste

Era essa alcova em que te amei.

O último beijo que me deste

Foi nessa alcova que o tomei!

É o firmamento que a reveste

Toda de um cálido fulgor:

- Um firmamento, em que puseste

Como uma estrela, o teu amor.

Lembras-te? Um dia me disseste:

"Tudo acabou!" E eu exclamei:

"Se vais partir, por que vieste?"

E às tuas plantas me arrastei...

Beijei a fimbria à tua veste,

Gritei de espanto, uivei de dor:

"Quem há que te ame e te requeste

Com febre igual ao meu amor?"

Por todo o mal que me fizeste,

Por todo o pranto que chorei,

- Como uma casa em que entra a peste,

Fecha essa casa em que fui rei!

Que nada mais perdure e reste

Desse passado embriagador:

E cubra a sombra de um cipreste

A sepultura deste amor!

Desbote-a o inverno! o estão a creste!

Abale-a o vento com fragor!

- Desabe a igreja azul-celeste

Em que oficiava o meu amor!

Olavo Bilac, in "Poesias"

Zorro Poeta
Enviado por Zorro Poeta em 14/04/2012
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