Brincando na chuva

Vestindo de amor ao mero desejo,

Quem nunca viu um caçador assim?

Abatendo búfalos apenas por couro,

E o pobre elefante, pelo marfim...

As carcaças putrefatas no prado,

Denunciam os feitos do predador;

Decompondo promessas lado a lado,

Esperança verde, perdendo sua cor...

O proverbial temor do gato escaldado,

O faz ver na chuva, uma nova ameaça;

Mira o porvir com lentes do passado,

E aquilata o vinho pela forma da taça...

Gestar vero amor, é como a um filho,

Sonhando com os traços desse neném;

Dormentes antigos suportam os trilhos,

E o trem da ventura, não apita nem vem...

Até que um novo alento ao louco motiva,

E um vistoso comboio aponta na curva;

E o bichano imbuído desta chama viva,

Arrosta aos cães, brincando na chuva...