Um Coração Sem Acento

Nada mais pessoal do que uma carta escrita, e por certo alguém lida. A nostalgia perdida entre palavras tão presentes, e entre outras igualmente ausentes. Questionamentos se confundem com sentimentos e provocam um senso de resposta, mesmo que não imediato.

Uma carta nunca termina num ponto final. Réplicas e súplicas fazem parte de seu corpo, de suas letras.

Com as mãos empunhando um punhado de tinta, absorvo calado suas sentenças, sem agressões, nem correções. Num dado momento, amasso o papel e o jogo no imaginário contra ti, te ameaçando sem palavras, te desejando sem pausas. E num texto sem regras, vivo intensamente o contexto destes parênteses, destas forçadas aspas. Carrego mudo um coração sem acento.