O Bilhete

O Bilhete

Era cheia de jactância essa menina

Linda, pedantesca e pretenciosa

Pela calçada abaixo, na silueta fina

Desfilava seu vestido cor de rosa

A vida, em brutal tragédia romanesca

Afastou-me dela, no estendal dos fatos

E aquela que tanto amava, foi tão fresca

Que trocou, pelo do meu amigo os retratos

Um dia, recebi dele uma grande carta

Na qual lançava as mais lascivas frases

Indagando sobra a ardente mulher farta

Expondo no papel, dúvidas equases

Grafia depravada, no bilhete nefando

Causou grandes comoções, às já sofridas

Costume prejudicial, defeito execrando

Sangrando o coração, às novas feridas

Os ditos imorais, sobre a mulher amada

Produziram maior mal, que a traição sofrida

Os loucos desvarios da carta arrojada

Mostraram que, nem sempre nesta vida

O ser rico, e outros climas procurados

Têm mais valor que o trabalho verdadeiro

Pois o tempo mostra que amores rejeitados

Podem nesta vida, ser o amor primeiro !

Porangaba,04/04/2012

Armando A. C. Garcia

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