NÃO DEVO E NEM POSSO

O tempo passou como uma nuvem
e nós fugimos ao primeiro assomo
dos trons e dos ruídos da tormenta
agora posso ficar, mas não devo
depois devo partir, mas não posso.

Sobremaneira eu posso estar errada
ou quem sabe, até errada ao certo
se o tempo é irmão gêmeo da verdade
posso descobrir quem és, mas não devo
devo dizer quem sou, mas não posso

Longe daqui se em breve porventura
ouvir teu nome em língua diferente
teu nome dito contíguo ao meu nome
breve posso chamá-lo, mas não devo
depois devo questionar, mas não posso

De há muito passei minha juventude
o espelho mostra-me marcas da idade
sem dúvida estou na senectude
se o que eu posso fazer é o que não devo
e o que devo fazer é o que não posso

Muito amiúde eu sonhei ser feliz
e feliz com tal intensidade
pois deveras prescreveu minha sina
até posso chorar, mas eu não devo
e devo rir mas, contudo não posso.

para evitar um amanhã frustrante
eu vou embora antes que tu chegues
luzindo aos raios claros do luar.
agora eu posso te amar, mas não devo
depois eu devo te amar, mas não posso.

De há muito passei minha juventude
o espelho mostra-me marcas da idade
sem dúvida estou na senectude
se agora posso amar quem não devo
então por que devo amar se nem posso?

Moly
Enviado por Moly em 10/04/2012
Reeditado em 15/04/2012
Código do texto: T3604642