Nesta segunda-feira após a Páscoa...

Não sei mais escrever. Quebrou-se a pena

Que era antiga herança do vovô.

A caneta tinteiro não tem tinta

Pois é de um tempo morto que acabou.

As esferográficas modernas

Não têm o encanto do que não mais ficou.

A inspiração, cansada dos soluços,

Foi-se... De tanto que amargou...

Não tenho sonhos. Ninguém para esperar.

Quebrou-se o encanto do que me fez sonhar

Os sonhos vãos que tanto acalentei...

Meus olhos vagam perdidos pelo tédio

Do esquecimento de quem eu tanto amei.

Quebrou-se a Vida. Fez-se em mil pedaços.

E como me machucam estilhaços!

Aqui estou. Por quanto ficarei

Sem versos loucos sobre um amor perdido?

- De que então eu me alimentarei?...

Mas...

Veio a lembrança dos cantos sacros de meu pai

E a doçura e o perfume de mamãe...

... E as noites de sábado, tranquilas:

Mamãe ao piano, tocando a Serenata,*

Papai cantando, sentado ao lado dela,

Na velha sala apinhada com seus livros

E eu deitada quieta adormecendo no sofá...

Então, das lembranças que brotaram,

As Verdadeiras, as que me acompanharam,

Surge a Palavra e o Verbo aqui se faz

Nesta segunda-feira do pós Páscoa...

- Sim! Eu ainda tenho o que falar!...

“Passagem”: Cristo ressurge! É esse Amor que busco!

Então as letras surgem e as canções

Vêm, emergem de antanho! De um passado

Onde o Amor ao Cristo foi sempre cultivado

Com Alegria de quem crê sem duvidar!

Não preciso de canetas nem papel:

E(In)screvo Cristo Vivo ao coração

E voltam versos! E canções vêm a tropel!...

E eu me alimento da Fonte desta Vida

E os machucados são curados pelo "Amor"!

O sorriso aflora de repente!

- Quanto tempo eu perdi sofrendo ingente

Dor, por quem não me merecia?

Há um Amor Infinito que me guarda:

Sofreu por mim. E por meu amor aguarda!

- Como fui injusta em meu sofrer!...

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* Serenata de Schubert

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NOTA: Uma destas imprevistas tempestades de verão me deixou um bom tempo sem internet. Mas a ESPERANÇA está de volta!!!... Meu carinho e saudade a todos e a todas que fazem parte deste Recanto encantador! Bê.