Traçando o traço que falta
Eis o maluco e diáfano baú do amor,
Continente de seu estranho relicário;
O que hoje sequer é dito, por temor,
E amanhã, silenciado, desnecessário...
Vou rir à farta do que agora me dói,
por enquanto, não tem menor graça;
identidade secreta desse tímido herói,
que uma vez exposto, já não se disfarça...
Ninguém tem o menor medo de ser feliz,
o que assusta, é risco de errar o passo;
às vezes linda ventura , está por um triz,
caneta e papel, esperando só um traço...
Como pesa o traçar desse mísero risco,
que uniria enfim, o ponto A, ao ponto B;
seremos paralelas cuidando outro aprisco,
depois que eu for, enfim, ligado a você...