Pedra Viva
Construtor de castelos, minguado
Levava na mochila seu fardo
Viajava por terras estranhas
E sentia saudades medonhas
Não podia evitar serviço
Nem tampouco dar sumiço
Aos pagadores se curvava
Sentia o peito doído
Por não ser compreendido
Pela amada que esperava
E na caixa de correio
Dia a dia dor que veio
Em galope bem rasante
E cravava em si estigma
De merecer dor maligna
Que flagela a cada instante
Mas por que cargas d'água
Se culpava desse jeito
Se ao dormir chorava
Só lembrando do seu leito?
Não se explica o ser humano
Nem a dor que a carta fita
Se ela aguentou um ano
Vai ver então que já não liga
Mas ele acreditava
De teimoso ou de burro
Que o amor que o esmagava
Não cairia com um murro
Espera morena, pensava
São só datas, nada mais
Nem o mundo separava
O que o amor atou a lais
(Gabriel Holanda)