Passarinho que contou...

Pássaro branco que atravessa esses encantos;

Que canta os traços de amores obscuros.

Tu que visitas a quem ama em segredo,

vens ao meu canto, pois me afogo em desespero,

e canta os versos desse amor tão de murmúrio,

já que quem amo, com essas trevas eu não vejo.

E em tuas asas que se guarda essas mazelas,

dos romances que aqui foram destruídos;

Tira de mim esse amor tão de má sorte,

ó passarinho, essa coisa que é tão forte.

Dentro de mim consome toda a minha vida

mas que sem ela só me restaria a morte.

Pássaros todos, ouçam logo meu apelo,

cantem o som que os poetas admiram.

Levem de mim essa paixão tão desgraçada.

Que em meu peito é uma dor demasiada,

e façam voo com tudo isso que digo,

quem sabe assim isso liberte a minha alma.

E desse amor que me machuca e maltrata,

que é impossível, amor tolo e covarde,

que não se cumpra, que se feche essa flor.

Que tenha fim o meu martírio, esse amor,

mas que eu espero, mesmo que eternamente,

desse martírio ser enfim merecedor.

Peu de Andrade
Enviado por Peu de Andrade em 08/04/2012
Código do texto: T3601100
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