Passarinho que contou...
Pássaro branco que atravessa esses encantos;
Que canta os traços de amores obscuros.
Tu que visitas a quem ama em segredo,
vens ao meu canto, pois me afogo em desespero,
e canta os versos desse amor tão de murmúrio,
já que quem amo, com essas trevas eu não vejo.
E em tuas asas que se guarda essas mazelas,
dos romances que aqui foram destruídos;
Tira de mim esse amor tão de má sorte,
ó passarinho, essa coisa que é tão forte.
Dentro de mim consome toda a minha vida
mas que sem ela só me restaria a morte.
Pássaros todos, ouçam logo meu apelo,
cantem o som que os poetas admiram.
Levem de mim essa paixão tão desgraçada.
Que em meu peito é uma dor demasiada,
e façam voo com tudo isso que digo,
quem sabe assim isso liberte a minha alma.
E desse amor que me machuca e maltrata,
que é impossível, amor tolo e covarde,
que não se cumpra, que se feche essa flor.
Que tenha fim o meu martírio, esse amor,
mas que eu espero, mesmo que eternamente,
desse martírio ser enfim merecedor.