Um corpo um copo vazio…

Na metáfora fácil

De uma fácil e rebuscada comparação

Literária e afectiva

De quando esgotamos os dois

No seu lugar fica apenas um enorme vazio

Tendo que partir para descobrir novos

E naquilo que a psicologia chama de “espelho”

Noutras coisas

Noutros relevos da pele

Fingir à realidade

E nesses entes desconhecidos

Sentir

Que és tu que estás ali

Sentir que estás comigo…

Mas ao passo que um copo é fácil de pedir

É fácil de beber

É demasiado fácil de esgotar

É terrivelmente difícil

E árduo

Voltar a te encontrar…

Mesmo que seja fácil distorcer a realidade

E ver noutros rostos

Noutros corpos o teu

Quando afloro apenas a alma de tal

Sei que estou enganado

Mas teimo

Persisto

Em não ver a pessoa real

Individual

Daquele momento

Teimo

Que és Tu

Que estás ali a meu lado…

Na vertigem de sentir que estou a subir a montanha

Que estou a subir em direcção ao céu

Sendo que com essa negação

Estou a fazer o contrário

Estou a descer

A uma espécie de inferno

Onde no fátuo

Nas emoções que se esgotam com assombrosa facilidade

Procuro-te

Procuro as tuas formas de arte

Procuro

Sempre procurarei

Uma forma de eternidade

Achando que ainda vou a tempo para a agarrar de vez

Embora tudo

E todos me digam

Que

Desde sempre

Para tal

É demasiado tarde…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 07/04/2012
Código do texto: T3598929
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