Um corpo um copo vazio…
Na metáfora fácil
De uma fácil e rebuscada comparação
Literária e afectiva
De quando esgotamos os dois
No seu lugar fica apenas um enorme vazio
Tendo que partir para descobrir novos
E naquilo que a psicologia chama de “espelho”
Noutras coisas
Noutros relevos da pele
Fingir à realidade
E nesses entes desconhecidos
Sentir
Que és tu que estás ali
Sentir que estás comigo…
Mas ao passo que um copo é fácil de pedir
É fácil de beber
É demasiado fácil de esgotar
É terrivelmente difícil
E árduo
Voltar a te encontrar…
Mesmo que seja fácil distorcer a realidade
E ver noutros rostos
Noutros corpos o teu
Quando afloro apenas a alma de tal
Sei que estou enganado
Mas teimo
Persisto
Em não ver a pessoa real
Individual
Daquele momento
Teimo
Que és Tu
Que estás ali a meu lado…
Na vertigem de sentir que estou a subir a montanha
Que estou a subir em direcção ao céu
Sendo que com essa negação
Estou a fazer o contrário
Estou a descer
A uma espécie de inferno
Onde no fátuo
Nas emoções que se esgotam com assombrosa facilidade
Procuro-te
Procuro as tuas formas de arte
Procuro
Sempre procurarei
Uma forma de eternidade
Achando que ainda vou a tempo para a agarrar de vez
Embora tudo
E todos me digam
Que
Desde sempre
Para tal
É demasiado tarde…