Perdi-te
Perdi-te
Não sei por quanto tempo
Não sei mesmo se já aceitei que te perdi
Ou se estou a viver a ilusão
De uma negação que não entendo
Mas sei que te perdi
Permaneces nas minhas orações
No meu pensamento e em mim
E Aí ficarás para a eternidade
Porque tudo o que sou hoje
É teu e foi por Ti
Amo-te tanto como sempre te amei
Estaremos sempre juntas
Porque não existe distancia entre nós
Nunca existiu
Perdi-te
Aliás fui-te perdendo
Em dor e sofrimento
Assisti à tua despedida
Senti as tuas festas na minha mão
Chorei pelo teu cruel desfecho
Choquei-me ao ver o poder da doença
Mas ainda assim e até assim
Aprendi contigo
Tentei que guardasses o meu sorriso
Que te encorajasses nele
E confesso que por vezes não queria assistir
Não tinha coragem para ver
O meu imenso e profundo amor
Se perder nas trevas da doença
Perdi-te
Mas irei sempre encontrar-te
Estou certa que estarás ao meu lado
E me acompanharás neste teatro
E que quando a peça terminar voltaremos
A ser o que sempre fomos
E que talvez muitos nunca percebam
Avó e neta
Numa intensidade
Peculiaridade
E afecto
Que só nós sabemos
Perdi-te
Mas guardo tanto de Ti
Apetece-me sentir o teu cheiro
Abraçar-me à tua camisola
Dar-te mais um beijo
Ouvir-te falar só mais uma vez
Mas perdi-te...
Estás em tudo o que vejo
Nas pequenas e nas grandes coisas
Sei que darias tudo para ter saúde
Para viver connosco somente mais um dia
E no entanto, não sei como entender
O significado da Morte
Só sei que não te vou puder ver
Que não vou receber mais a tua atenção
Sei que posso continuar a falar contigo
Mas será um monologo
Entendo que nunca nada mais vai ser igual
E que a tua lembrança vai viver em mim
Minha tão querida avó
Será que te disse vezes suficientes
O quanto eu te amo?
Será que sabes o quanto te estou agradecida?
Como recordo de tantas memorias
De me ensinares a soletrar a letra R
De irmos as duas para o jardim
Alimentar as pombas e os patos
Da companhia que me fazias aos intervalos
Das vezes que íamos as duas juntas para a praia
E eu tomava banhos de areia
Saudades de te ver fazer sopa de letras
De puder falar contigo quando chegava a casa
De noite e ainda estavas acordada
Na cama que mora vazia agora ao lado da minha
No nosso quarto...o quarto as crianças...
Eu cresci e tu partiste...
E aquele espaço nunca mais será o mesmo
O saco de água quente na cama
As histórias para adormecer
Contadas na tua cama como muitos carinhos
A companhia que me fazias enquanto estudei
A mim avó o que mais me custa é saber que partiste
E que não vais voltar
Sei que não estou sozinha
Mas não te tenho à espera em casa
Aliás a casa está vazia...
Partiste
Será que sabes o quanto eras amada?
Eras o nosso pilar
O meu porto seguro
A minha heroína
A pessoa que eu admirava
Eras a minha tão querida avó
E às vezes nesta correria incessante e maluca
Em que a vida nos leva não paramos
Para sentir verdadeiramente
Talvez seja uma defesa
Ou a tua protecção
Mas hoje e para sempre quero que saibas
Que te AMO
Que este poema é para Ti
E que sei que o vais ler
Porque mesmo tendo partido
Estás ao meu lado
És a minha força e a minha coragem
Partiste...
Mas só por agira deixa-me chorar
E pensar que nada aconteceu e que estás aqui
Deixa-me dar-te um beijo
Dizer para continuares a acreditar
Porque o descanso eterno
E o fim do sofrimento existe
E tu nunca deixaste de acreditar
Partiste mas no meu coração
Existes e existirás
Um xi-coração e um beijo
Até já
Até sempre