Paraíso, descoberta e fuga.
Você não mais se lembra da sensação dos meus lábios tocando os seus, das minhas mãos se entrelaçando às suas, dos nossos corpos se encaixando delicadamente, do meu coração sendo inteiramente seu. Sua voz, para mim, é uma recordação vaga. Seu olhar, de longe, já não faz minhas pernas vacilarem. Seu toque não mais existe, nosso andar de mãos dadas tornou-se uma visão utópica. Paraíso. Eu era uma terra virgem pronta para ser desbravada aos poucos.
Mas sua intenção era de uma viagem efêmera, e você esqueceu de me avisar.
E, logo, se foi.
Voltou para sua terra natal e deixou-me dividida.
Metade de mim era você, e a outra metade era a carência de ter-te em meus braços.
Você veio como turista e seu voo saiu às seis.
Sem despedidas, sem beijo final, sem último olhar.
Seu adeus foi insinuado por aquele tal pássaro de aço,
que não sabe como ser livre,
que não sabe como ser leve.
O vento o levou.
Levou você, e,
contigo,
nosso amor.