Olhando para ti
Saudosa fico a olhar o fulgor da aurora
dos tempos que frenéticos dispersaram
Como águas de um rio que outrora,
cá dentro de mim não represaram
Fagulhas ainda restam embevecidas
Escapam sofridas por entre frechas
da bravia memória que adormecida
esqueceu ádito e fenestras entreabertas
Na faceta da porta assentaram marcas,
torrentes tétricas, nela, deixaram rugas
Fincadas com intensidade fizeram cavas
esqueceram de me refazer em suas fugas
Implacável é, em minha vida tua passagem
Onde escondestes meus adornos lascivos?
O espelho mostra tua injusta roupagem,
vestes próprias dos teus macróbios passivos
Num duelo sem trégua, ando na verdade
Amor e ódio, relação dúbia, desatinada
Lutando contra ti desejo a imortalidade
quem sabe, ao menos minha tez passada