Olhando para ti
 

Saudosa fico a olhar o fulgor da aurora
dos tempos que frenéticos dispersaram
Como águas de um rio que outrora,
cá dentro de mim não represaram


Fagulhas ainda restam embevecidas  
Escapam sofridas por entre frechas

da bravia memória que adormecida
esqueceu ádito e fenestras entreabertas

Na faceta da porta assentaram marcas,
torrentes tétricas, nela, deixaram rugas

Fincadas com intensidade fizeram cavas
esqueceram de me refazer em suas fugas

Implacável é, em minha vida tua passagem
Onde escondestes meus adornos lascivos?
O espelho mostra tua injusta roupagem,
vestes próprias dos teus macróbios passivos

Num duelo sem trégua, ando na verdade
Amor e ódio, relação dúbia, desatinada
Lutando contra ti desejo a imortalidade
quem sabe, ao menos minha tez passada


  

Maria Celene Almeida
Enviado por Maria Celene Almeida em 05/04/2012
Reeditado em 05/04/2012
Código do texto: T3595581
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