ODISSÉA DE UM SENTIMENTO

Na manhã da humanidade
nasceu sem conhecimento
um sentimento, um movimento
indescritível
acomodou-se dentro do espírito
emaranhando-se aos outros surgidos
também sementes.
Ao crispar o astro reio,
no centro do céu azul bebê,
aquele abraçado, roçou,
cutucou a imaginação
da jovem humanidade
e dela surgiu proezas divinas.
Ao deitar da tarde ruminante
ela desembaraçou-se
ousou sair do casulo milenar
mas havia, uma vaidade,
um orgulho não notado
e a não tão noviça humanidade
já estava a cultivar vícios
demagogias e cinismos.
A noite chegou dilacerante
e velha humanidade descrente
deixou o tal sentimento abandonado
egrégia de si, cega e opulenta
não viu a funesta morte
que a tudo chega, chegar
débil, desesperada cínica
chorou, suplicou aos deuses mil
tentou em vão abraçá-lo
acomodá-lo ao seu outrora recinto
mas ele já era pássaro,
voará pra outro lugar, outras terras
outro seres pra se embaraçar
Na madrugada fria
umedecida pela última lágrima
a derradeira humanidade
sussurrou agonizante, seu nome
e fez um delirante pedido
volta amor!


 
Ita poeta
Enviado por Ita poeta em 03/04/2012
Reeditado em 03/04/2012
Código do texto: T3592679
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