Insônia
Infausta noite que veio me visitar
trazendo consigo sua vil escuridão
Como uma ilustre meretriz a me cobrar
um olhar silencioso, a consternação
Deitado sem brio fico à espreita
do sono que desfila à minha frente
Num passeio zombador me faz desfeita
levando consigo meus sonhos do presente
Casebres e castelos faço e refaço
ora com pedra, ora com areia do mar
Barcos de papel vão sendo desenhados
em folhas foscas, lágrimas a borrar
O tempo! Passado, presente e futuro
vagueiam diante de mim cobertos de véus
Imagens patéticas surgem no escuro
fadas madrinhas em luxuosos mausoléus
Submetido aos maus tratos da tirana lida
assisto cansado o alvorecer de um novo dia
Da janela observo cenas da minha vida
Dia e noite sorrindo em constante ironia