Insônia


Infausta noite que veio me visitar
trazendo consigo sua vil escuridão
Como uma ilustre meretriz a me cobrar
um olhar silencioso, a consternação

Deitado sem brio fico à espreita
do sono que desfila à minha frente
Num passeio zombador me faz desfeita
levando consigo meus sonhos do presente

Casebres e castelos faço e refaço
ora com pedra, ora com areia do mar
Barcos de papel vão sendo desenhados
em folhas foscas, lágrimas a borrar 

O tempo! Passado, presente e futuro
vagueiam diante de mim cobertos de véus
Imagens patéticas surgem no escuro
fadas madrinhas em luxuosos mausoléus

Submetido aos maus tratos da tirana lida 
assisto cansado o alvorecer de um novo dia
Da janela observo cenas da minha vida
Dia e noite sorrindo em constante ironia


 
Maria Celene Almeida
Enviado por Maria Celene Almeida em 03/04/2012
Reeditado em 03/04/2012
Código do texto: T3591811
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