Amar Nos Conduz À Morte

Amar é uma angútia, uma pergunta,

Uma suspensa e luminosa dúvida;

É um querer saber tudo sobre você

E finalmente conhecer

Amar é reconstruir, quando se afasta,

Seus passos, seu silêncio, suas palavras

E tentar seguir seu pensamento

Quando a seu lado, enfim imóvel, em silêncio.

Amar é uma doença secreta,

Um frio e diabólico orgulho,

Amar é não dormir quando em meu peito

Sonha entre meus braços que te protegem

E odiar o sonho que está em sua mente

Talvez em outros braços se entrega.

Amar é escutar sobre seu peito,

Até chegar a orelha gananciosa,

O som do seu sangue como uma maré

Sua respiração compassada.

Amar é absorver sua juventude

E juntar nossas bocas em um único canal

Até que a brisa da sua respiração

Se impregnem em minhas entranhas.

Amar é provocar o doce instante

em que sua pele busca minha pele desperta;

Saciar por um tempo a ânsia noturna

E morrer outra vez a mesma morte.

Escura, desoaldora, provisória.

Amar é sede, a ferida

Que arde sem queimar nem cicatrizar,

É a fome de uma boca atormentada

Que pede mais e mais e não se contenta.

Amar é uma insólida luxúria

E uma gula voraz, sempre deserta.

Mas amar é também fechar os olhos,

Deixar que o sonho invada nosso corpo

Como um rio de esquecimento e de trevas,

E navegar sem rumo, á deriva:

Porque amar é, enfim, uma indolência.

Leahndro Bunton
Enviado por Leahndro Bunton em 02/04/2012
Reeditado em 09/04/2012
Código do texto: T3589680
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