ÁLGEBRA DA PERGUNTA

A mulher amada é feita da altivez sensual e do perdão,

vivê-la é aberrar-se de magia e lucidez.

A mulher amada é de tudo o único, é inteira

quando o universo uma procura,

e apenas no amor mais sentido revela

o quanto de heroína há na amante,

nela, o adiante é sumo porvir,

o nunca descabe nos dedos esmerados de carinhos

que na mulher amada ensinam melodia

à curva do pássaro na aurora

quando o fogo é a sensação do sexo

deparado ao frescor de morango orvalhado

dos lábios que no amor ampliam arquiteturas,

porque a mulher que é amada sem outra intenção

que a entrega sem limites sabe decifrar

o que da estrela é atlante.

A mulher amada conhece a álgebra da pergunta,

nenhum ritual abre os portais sagrados

sem a dança magnética da alma inventando o corpo

p'ra que o Deus possa falar, porque é a mulher tão amada

no vínculo da intimidade do céu com a carência brutal do homem,

nenhum caminho é possível sem que o olhar de mito

feito da distância desenhe a sinuosidade da saudade,

por isso é tão fundamental sentir no sexo da mulher amada

os mapas shangrilávidos de uma posteridade

vinda da origem do sonho,

e apenas porque é tão amada esta mulher,

que tudo faz o sentido tão definido de anseio,

amar só demais é saber que o amor feito

pela mulher que é amada na prece é todo perdão