Almas Peregrinas
Fomos a origem escarlate de todos os desejos
Fomos serpentes e maças... Evas e Adaõs
A primeira faísca do fogo ardente da paixão
Foste o meu amado rei... e eu a tua adorada rainha
o meu lindo príncipe... e eu a tua amada plebéia
Foste meu poeta navegante e descobridor
pescador nas fantasias de corpos sob o sol escaldante
e eu tua “Princesa”... tua menina e fogo abrasador
Fomos tantos Manuéis, Josés, Pedros e Joãos
Marias, Cristinas, Carlotas e Joaquinas
Fui também o aroma de todas as flores
que perfumaram os jardins dos teus poemas
onde me descrevias perfeita aos olhos do teu coração
Fui os tons avermelhados da palheta do pintor
onde eternizavas em tuas lindas aquarelas
toda intensidade das nossas noites de amor
Fui para ti a moça debruçada na janela
encantada pela serenata e a voz do jovem cantor
Com a certeza indelevelmente tatuada na tez
de que nunca fomos apenas as lembranças
de dois adolescentes entre suspiros apaixonados
nas suaves tardes das suas férias de verão
Nunca fomos nuvens de sedução passageira
que se dissipam a um piscar do coração
Muito menos a poeira que as águas de um único
e rápido banho do corpo leva
deixada por uma noite de intensa paixão
E se hoje novamente somos as palavras
das juras, das promessas de felicidade suprema
É porque Deus as nossas almas cansadas e peregrinas
mais um reencontro nos proporcionou
Amigos, amantes, companheiros, cúmplices outra vez
Amo... amo... amo! E sinto que sempre amei!
E há tempos venho bordando o teu nome
na pele alva e pura das minhas poesias
Meu Amor, minha Paixão, minha luz!
Que tremula em mim com a liberdade
das velas que navegam içadas ao sabor do vento
Que venham raios, tempestades, tormentos
Que venham vidas... e vidas, e mais e mais vidas
Sejamos o passado, o presente, o futuro
pois que sempre e somente a ti
Amei... amo e eternamente amarei.