Durante Quanto do Nosso Tempo…?
Vais-me obrigar a cantar a tua canção
Sabendo que sabes que eu sei a letra dela
Mas sabendo que me perco nela
Porque nela não há espaço para mim
Sabendo que por vezes temos pesadelos
Que julgamos sonhos
Pois os sonhos
Não são feitos assim…?
E por isso me perco
Nos mares da tua razão
Onde tenho pé
Mas onde me costumo afogar
Para logo depois
Ressuscitar
Quando parto de ti
Sem intenções de a ti regressar…
Regressar para um triângulo misterioso
No qual perco a minha localização
Afogado nas tuas mágoas
Afogado na tua imensidão…
E por isso só me encontro realmente feliz
Quando são quatro e tal da manhã
E acabei de te deixar
Estou nas ruas do mundo
Entre gente estranha
Com a qual
Depois de estar contigo
Com essa gente me irei deitar
Não sei se por me sentir um cidadão global
Ou porque o teu afecto não me completa
Porque não me dá luz
Antes me cega
E por isso
Apesar de gostar de te abraçar
De te tocar
Nunca totalmente te consigo consumir
Te consigo consumar
E por isso são quatro e tal da manhã
De copo numa mão
Cigarro em dois dedos
Procuro quem me sinta
Procuro quem me liberte
E apesar de te amar
Ages como se tal fosse uma prisão
E fazes-me amar-te
Mas ao mesmo tempo
De Ti ter medo…