Durante Quanto do Nosso Tempo…?

Vais-me obrigar a cantar a tua canção

Sabendo que sabes que eu sei a letra dela

Mas sabendo que me perco nela

Porque nela não há espaço para mim

Sabendo que por vezes temos pesadelos

Que julgamos sonhos

Pois os sonhos

Não são feitos assim…?

E por isso me perco

Nos mares da tua razão

Onde tenho pé

Mas onde me costumo afogar

Para logo depois

Ressuscitar

Quando parto de ti

Sem intenções de a ti regressar…

Regressar para um triângulo misterioso

No qual perco a minha localização

Afogado nas tuas mágoas

Afogado na tua imensidão…

E por isso só me encontro realmente feliz

Quando são quatro e tal da manhã

E acabei de te deixar

Estou nas ruas do mundo

Entre gente estranha

Com a qual

Depois de estar contigo

Com essa gente me irei deitar

Não sei se por me sentir um cidadão global

Ou porque o teu afecto não me completa

Porque não me dá luz

Antes me cega

E por isso

Apesar de gostar de te abraçar

De te tocar

Nunca totalmente te consigo consumir

Te consigo consumar

E por isso são quatro e tal da manhã

De copo numa mão

Cigarro em dois dedos

Procuro quem me sinta

Procuro quem me liberte

E apesar de te amar

Ages como se tal fosse uma prisão

E fazes-me amar-te

Mas ao mesmo tempo

De Ti ter medo…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 30/03/2012
Código do texto: T3584149
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