CAMALEÃO DO AMOR

Amo-te

Amotinadamente

Na hora funesta que não há fresta de luz

Resta-me tirar a máscara da neblina e libertar o capuz

E arrastar-me vertiginosamente por teu corpo

Engravidado pela ventania vestida por baixo de tua pele

Enchendo minhas velas com teu sopro quente

Velas de ventania em mar de poesia...

Pelo teu olhar de mel busquei teu céu

Na vaga do curso compelido meu louco impulso

Que navega pelo meu coração convulso

Como as altas ondas que o sol doura

Busco a tua boca que é minha manjedoura

Minha fonte imorredoura

Tua pele meu carinho pele de carneiro meu pergaminho

Tu és as boas novas o fio tecido pelas tecelãs da inspiração

Nas penas caudais a beleza do pavão no bico a esperança

O verde raminho da terra prometida o suave rosmarino

Leve e sem o laço que deixa o pássaro preso à sua loucura

No sorriso tens a candura dos anjos tocando banjos

Tu és a minha rosa da formosura do mês de maio

Viçosa e perfumada como o ar das primeiras horas da manha...

Purificas minha vida com tuas pétalas orvalhadas

Cristalizadas de almíscar penetrável pelas pupilas dilatadas

Como amor de viver e amor de matar... Amor de suar

Até encher o mar de deleite pro pescador a fome matar

Escrutinamos o amanhecer

E aglutinados no mimetismo das horas

Passamos a ser um só ser amalgamados um no outro

Camufladamente trocamos de pele

E quando fazemos amor

Mudamos de cor...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 29/03/2012
Código do texto: T3583477
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