Lábios sem batom
Então quando nos tocamos balbuciando
Como os que não sabem se amam
Mas têm certeza de que se amam,
Meus dedos vagueiam nos teus lábios sem batom
Como eu pela madrugada hostil e sem tom...
Peço somente o teu rosto de novo
As costas das minhas mãos
Tão subordinadas ao meu desejo
Acariciam tuas bochechas nacaradas
Quais a espera de muitos beijos
Devagar se segue noite além
Quando se dá a madrugada negra
Como escuros deixam os meus olhos
As vendas veredas do nosso amor
Percebo que não sei da onde começou
Tua pele macia, lisa e real
É manto leve ao meu corpo cansado
Mas, quando assim guarnecido
Suscita a minha juventude refletida
Na íris dos teus olhos castanhos
Vejo que não só eu desponto da juventude
Que o nosso amor faz nascer no peito
Porquanto somos belos
Da juventude somos efeito
Nosso amor nos remete a eternidade...
Longe dos nossos olhos de cor compartilhados
Brilha a lua como candelabro menor
Diante da magnitude do teu sorriso
Se acanha o satélite envergonhado
E meu riso corta a noite quieta...
Das tílias tropicais: susto de asas!
A noite manhosa faz da minha alegria
Eco no gralhar dos pássaros da noite
Poder-se-ia ser cenário sombrio
Se do nosso amor não o fosse
Nas pétalas de cada canto
Cantam os cantos os noturnos a piar
Nas prateadas noites sonhadas
Que das lendas é tão grande o luar
E logo se perdem as estrelas do céu...
E no teu corpo satisfeito
Surge a preguiça do amor feito
Durmo eu nos teus braços alvos
E tu logo desfaleces no meu peito
E a noite cai, tão cansada como nós