Poema da pele

Amor, que prazeroso é senti-lo

Em seu estado bruto, básico

Simplesmente físico

Cujo mínimo contato

Provoca na carne o arrepio

Imediato

Amor, não como palavra

Nem como sílaba, prefiro

O gesto, o tato...

Aquele amor que não é fantasia

Aquele amor

Que é fato

O amor descrito como forma

Não teoria

Sem fórmula mágica para dar certo

Amor lúcido, amor prático

Que vivencia o momento e se consome

No ato

O amor que arranha

Que acaricia

No fundo dedilhar do corpo a corpo

Amor com toque e com tato

Que morre, disposto a nascer e nascer

De novo

Amor

Que não se atenta a modos ou conceitos

Ciente do fardo de amar, mas ama

Com igual devotamento e desejo

Seja no chão

Seja na cama

Amor simples

Primitivo

Feito dos líquidos da carne

Que é vivo, e vive por uma razão

Mas que sabe viver também

Em vão

Amor amigo, amante

Que surge sem suspeita

De um olhar

E culmina entre os poros, entre os pêlos

Fazendo tremer, fazendo

Ofegar

O amor que soa

E sua

Pelos filtros da epiderme

Como o cego que atravessa um labirinto

Guiado por intuição

Por instinto

E é este amor que ousado alucina

Cada célula minha

Cada fibra

Afundando-se nas fendas do meu corpo

Deixando-me a seu jugo...

Como um tolo

E é este amor que quero, sem medo...

Desenfreado condutor

Alcoolizado do meu peito

Que me guia sem mistério, e derrama

Toda a sua força em minha frágil e insana

Condição humana.

ildon lopes
Enviado por ildon lopes em 27/03/2012
Código do texto: T3579167