"Vênus"

"... Quero beijar-te boca.

Louca ardente oca.

Macia língua que passeia pelo meu céu.

Bela Mulher que me encanta com sua brejeirice.

Um olhar de feiticeira e um sorriso de Alice.

Mãe, Mulher, menina.

Que desdenha do tempo que para para te ver passar.

Que gargalha do tolo que tenta cortejar-te.

Mas, que cede a brisa que te acaricia e que me trás seu olor quando caminhas a minha frente.

Que me deixas contente quando roubo-lhe um sorriso e te deixo rubra quando lhe confidencio desejos.

Ahhh!

Quem me dera boca fosse eu a sua sempre palavra e a cada sorriso teu minha boca sentir-se beijada.

Quem me dera ter-te lua namorada como a dos poetas.

Nua como uma Vênus obra de arte esculpida pela criação que teve como matéria-prima todo o infinito universo.

Ahhh!

Verso encantado sem mácula.

Divinal!

Que transforma a mim um reles mortal num semi Deus.

Quase onipotente quando sinto o arrepiar da tua pele ao meu toque e o serpentear das suas coxas por entre as minhas.

Quando te vejo em seu mágico e pleno momento do gozo descubro que nada é meu, é tudo teu. Meu toque meu gozar, nada me pertence.

Até este poema que eu jurava ser meu e que escrevi para lembrar de ti, é seu.

Ao notar isso me embriago com a sua imagem de bela dona com um leve sorriso no rosto adormecida na cama, eu choro.

Por poder contemplar tamanha beleza e ter tido tudo que és, em meus braços.

Choro por ser tão "Homem" e nada saber sobre você.

Mas, sorrio quando despertas o menino que em mim há e muito quer aprender..."

("Vênus", by Carlos Ventura)