Líricos Inocentes
Talvez ainda viva,
na pena d'algum poeta,
o quase extinto
amor de doar.
Amor de entrega,
cujo singular egoísmo,
compõe-se de dois
e de uma promessa
para depois.
Talvez ainda se cante
o amor além do instante.
Amores generosos
que pouco pedem
e tanto oferecem.
Talvez alguma Musa
ainda ouça a poesia
que lhe é oferecida
e se saiba a escolhida.
Talvez um jardim
ainda agasalhe
amores seminus;
de camas adiadas,
mas não dos passeios
de mãos dadas.
Talvez ainda se veja
uma volta, um perdão.
Uma lágrima caída
e uma saudade sofrida.
Talvez uma música
ainda seja a trilha
de um viver
que se compartilha.
Talvez, rosas da noite
ainda permitam
o cheiro de amar.
E a Lua se deixe ficar
à espera do amor assumido
e da certeza de se ter vivido.
Para Yara, com carinho.