mares
O sol brilha farto,
forte,
aquece as águas diáfanas dos rios
que correm intrépidas,
ansiosas
rumo à imensidão cristalina
dos mares
para serem defloradas por este menino
de apetite voraz, vulcânico,
felino,
e regurgitadas
pelo furor de suas ondas claras,
claras em neve,
batidas por suas mãos longas,
lássidas,
batidas por mãos abençoadas,
de minha mãe, linda, lânguida,
lúcida!
Que terna lembrança de minha infância
você me traz oh mar misterioso!
O que escondes nesta tua fúria?
O que trazes
neste vai-e-vem frenético das ondas?
O que queres de mim,
minúsculo ser
que te contempla e se contenta
em apenas ouvir o seu bramir
que ensurdece o meu existir?
Talvez queiras tragar meus sonhos
que se quebram ,
se arrebentam
como castelos
erguidos sobre a areia da praia.
Sugar minhas forças,
exaurir meu sorriso!
Apagar minha estória escrita aqui.
Tu me contemplas,
audacioso.
Com olhos multicolores ,
hipnóticos!
Sou um grão de areia
esquecida
nas profundezas de suas águas geladas!
Benvinda Palma