Anjinho
Uma noite eu a vi,
Sob o clarão que o luar prateia,
Ela triste fita-me e sorri,
Ao caminhar solitária pela areia.
Levava ao peito pequena flor,
Com leveza lhe dava um beijo,
Chorou na desventura teu amor?
Ardeu-te na febre o desejo?
Pobre mulher!Que chora sozinha,
Nesta noite de cálido verão,
Vem pôr tua mão entre a minha
E sentir o palpitar do meu coração
Porque o pranto do adeus?
Se tua rosa murcha sem água,
Una teus lábios junto aos meus,
E afoga-te neles toda a mágoa
Loucura! Ver-te apenas uma vez,
E delirar na febre de um enleio,
Fingindo corar-me a morena tez,
Desejando beijar-te senão o seio
Que róseo se abre tão sequiosa,
Na febre d’um amor delirante,
Que uma nota de amor saudosa,
Fizera a ti seu imortal amante!