O RONCO DA MULHER AMADA.
Sonata que se esparrama nas salivas da madrugada,
suave rastro de um andarilho benvindo,
revigorante face de um beijo que está pronto pra ser compartilhado.
Seu cavalgar é cadente, desarmado,
seu rítmo é pungente, crivado de cor, repleto de flor,
sua voz caminha abraçada às lufadas sangrantes da minha paixão.
São gomos da mesma varanda, plenos, serenos,
tem nas suas veias um torpor juvenil que refaz minha trilha,
quando se ausenta é como se ficasse numa deriva sem fim.
Por vezes é lastro, por vezes é bálsamo, por vezes é escravo,
nos vãos alquebrados da minha alma faz valer seus gemidos de fé,
nas paredes enxarcadas do meu repouso faz pousar suas cenas mais santas, tantas.
Gosto dele como gosto de tudo que mais gosto,
fico às vezes estátua só pra não afugentar seus rugidos tantos,
fico às vezes menino só pra espiar seus passos pelos vãos desnudos do meu melhor querer-bem.
Quero sempre ter seus fios embaraçados nas minhas noites todas,
quero sempre poder curvar-me com respeito diante das suas vértebras, tantas,
quero sempre ter permissão dos céus para aninhá-los com todo amor nas ancas sagradas do meu leito derradeiro.
Dedicada à companheira de tantas noites, de uma vida só.
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