Águas passadas
Trazia ao peito amores perdidos
Que o tempo havia desbaratinado;
Passado os anos, foram esquecidos
No quarto escuro que deixei trancado.
Foram amores que não pude ver
Pois eram doces que eu não quis provar;
Águas passadas que eu não quis beber
Temendo o anseio de me afogar.
Agora trago um amor sereno
Que em meu peito transparece tudo
Feito uma gota de orvalho louca
A derramar em meu olhar pequeno,
Escorregando em meu semblante mudo
Até morrer beijando a minha boca.