Uma Gotinha
Certa vez, há muito, muito tempo atrás
O céu estava em uma confusão só
São Pedro resolveu fazer greve
E a terra coitada, só de lembrar dá dó.
Mas no meio de toda aquela confusão
Nuvens, raios, trovão
Uma gotinha sozinha chamou atenção
Havia perdido o pai, a mãe e o irmão
Todos naquele último verão.
A gotinha solitária sabia que devia pular
Ela tinha que cair, pois a outros precisava ajudar
Mas tinha medo, as gotas que caiam nunca voltavam
E pular sozinha, ela não queria se arriscar,
Afinal, nem sabia onde iria chegar.
Foi então, que numa curiosidade só
Ela deu um passo à frente, e o vento
quele saliente, a soprou sem dó.
A gotinha tentou voltar, mas era tarde demais
Ela caiu, e caiu, e caiu
Caiu em uma plantinha verdinha
E ali, seu susto sumiu.
Ela olhou ao redor e ficou maravilhada
Não, a gotinha ficara encantada.
Coisas bonitas viu, outras descobriu
Tudo ali era novo e atraente
E procurando não sabia o quê
Ela o viu.
Tão tímida e tão sem jeito
Nunca imaginou que ele poderia ser seu par perfeito
Ficou olhando distante
Até que com um gesto, ele mostrou seu semblante
A gotinha se deixou levar
Ele estava indo... Apesar de parecer ficar
"Não vá" disse ela, e correu para o encontrar.
Seguiu de flor em flor
De folha em folha
O vento sentindo-se culpado
Quis ajudar.
Soprou outra vez a gotinha
E ela correu, correu
E correu
Até conseguir encontrá-lo
E ali, junto ao mar
Percebeu a gotinha solitária
Que era onde sempre deveria estar.
29.02.12