= A rosa e o poeta =

Uma linda rosa ruborizada

Timidamente perguntou ao poeta:

“_Por que chora, poeta...

Pois, se vives sempre em sonhos?

És como um arauto,

Proclamando o amor.

Por que choras?

Seu recado foi entregue por mim, a sua Dulcinéia.

Para ela, foste altaneiro,

Cantastes em galanteio as mais lindas canções.

Recitastes trovas e poemas que deslumbraram meio mundo.

Vivestes todos os amores,

do mais puro e eterno ao mais profano.

Por que choras, poeta?

Se trouxestes do céu, as estrelas, a lua,

As nuvens, o sol com toda sua exuberância?

Então me dizes... Oh, Poeta!

Choras o pouco que perdestes?

Choras por palavras,

Que a mim não me cabe entendê-las?

Diz-me poeta...

Saudade, distância, despedidas,

Renúncias, amores não correspondidos,

Até mesmo a felicidade, o reencontro,

Ela... Quem sabe todos os seus dissabores serão “Ela”?

Ou seria tudo isso sinônimo de lágrimas?

Sabe poeta...

De ti, nunca me afastarei.

Serei partes das suas rimas.

O presente da chegada e da despedida.

Dar-me-ei por inteira, como inspiração matinal.

Não mais serei orvalhada pelo sereno

Que refresca as madrugadas,

Mas, acolherei as tuas lágrimas.

São elas péssimas, salgadas,

não trazem o frescor.

Certamente, trarão o brilho inspirador

Para os mais belos poemas.”

Respondeu o poeta:

“_Minha linda e querida Rosa,

Meu choro são sorrisos em lágrimas

Na busca incessante do conhecimento da alma.

O choro do poeta traduz

encanto, posta sorrisos e esperanças,

distribui e lança pelos ares, partículas coloridas de amor.

Serei sempre

um milenar vivente

Que às vezes, mesmo inconsciente,

Renasço em cada rabisco.”

Tonho Tavares

ANTÔNIO TAVARES
Enviado por ANTÔNIO TAVARES em 24/03/2012
Código do texto: T3572672