LEAL



 
Meus amores,
meus indeléveis amores,
perdão vos peço por tudo e pouco
que vos fui até agora,
e que de agora
em diante vos serei!
 
 
Entrego-me em armistício
ao vôo rapino, meu sacrifício:
apenas para um amor exclusivo
abrirei os braços
assim leal e conciso.
 
 
Já me despeço das calçadas,
fiéis falenas,  pequenas fadas,
com as quais não mais dormirei.
 
 
Aceno adeus, dependuro a fama:
- Divas, donas, damas,
ainda ontem eu admito que vos amei.
 
 
Hoje volto para meu aconchego:
nessa terra, dois olhos negros
somente meus já me fazem rei.
 
 
 
Poema integrante do livro "Carne Íntima", 1984.
Milton Moreira
Enviado por Milton Moreira em 23/03/2012
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