Procura

Quando vires um pássaro alçando vôo

Saiba que já fui um...

E incansável vaguei pelo espaço infinito

Buscando-te...

Atraída pelo brilho que de ti emanava

Experimentando a liberdade e a brisa

Sem no entanto alcançá-lo ou tocá-lo.

Consolada apenas pela sua existência

Que de alguma forma habitava em mim.

Quando vires um leopardo andarilho,

Saiba que já fui um,

E percorri toda a terra movida pela tua busca

Conhecendo as sensações que me movimentavam

E vi o que meus olhos jamais imaginavam ver.

O horizonte revelou-se a mim como criança

Mas permanecestes oculto a minha ansiosa visão.

Se um dia vires o mar agitado,

Saiba que já fui água.

E em tua busca desenfreada

Agitei-me em bravas correntezas.

Revirando pedras e areias profundas

Para apenas vislumbrar tua passagem

Tua presença sempre esteve próxima,

E isso enchia-me de esperança e alegria,

Fazia-me invadir terras e desertos,

Suavizando-me com o vislumbre do teu amor

E o sabor do amor que em mim crescia

Se um dia vires o fogo ardente

Saiba que já fui brasa

E a dor e a agonia da separação consumiu-me lentamente

Tua chama dilacerou minha alma

E teu calor queimou minha ilusão

Nua... sem máscaras ou escudos,

Implorei tua presença e união

Se um dia vires tornados revoltos

Saiba que já fui ar.

E mobilizei toda minha força

Nessa busca incontida e avassaladora

Em desespero deixei rastros de tristeza e destruição.

Mas isto sequer aproximou-se da agonia de minha própria dor.

Chorei lágrimas em chuvas revigorantes

Explodi em chamas e larvas incandescentes,

Sacudindo e abrindo a terra

Que também um dia já fui...

A mansidão chegou-me lentamente

Pude apenas entregar-me a sua beleza e glória

Vislumbrar o doce sabor da união

E agora, nada mais me revolta

Já que não existe mais separação