A noite caiu sobre mim
A noite caiu sobre mim
como a fúria de uma
tempestade lançada ao mar.
Fez sombra na alma feito o
crepúsculo que cai, lentamente,
ao se fechar o véu da tarde.
Havia, ainda, um
breve resquício do
amor inacabado,
uma carta escrita e
não enviada.
Eram tempos sombrios
para os corações
fragilizados, descritos em
versos e prosa.
Poemas esquecidos no cais
do porto, na angústia
de mulheres sempre
à espera do
homem amado.
Eu via, nessas imagens,
o tempo que arranhava
os ponteiros do
relógio, sempre faminto,
devorando as horas,
mastigando os
minutos e segundos.
O vazio da casa
recendia a
aromas de outrora.
O teu perfume ainda
vagava feito a
penumbra indelével
que deixaste em mim,
perpetuado no
silêncio da noite.