OUTONO ÍNTIMO
Autonal amor de noites mais longas que nossos dias
Onde varia as temperaturas de nossos oníricos desejos
Sob o amplexo das folhas que caem pelo nosso caminho
Colhemos os frutos das sementes germinadas em nosso solo
Transubstancia-se as folhas em adubo para outra estação
E a anagogia toma conta de tudo que nosso íntimo reverbera
Pois ingênitos são os laços das raízes que ungem esse querer
Amarelam a folhagem de nossos desassossegos e nossos temores
E nus nos vestimos de afeto desejos e vontades para outra estação
Trocamos o reinado da primavera e criamos nossa própria oclocracia
Protegendo-nos assim da obumbração das intempéries do ocaso do acaso
Para que nosso outono esteja em um nadir propicio ao nosso enlace
Já que é uma estação sibarita e que nos desperta o fogo dessa transição
Em nosso arrebol inerte tornam-se os ventos que envolvem nosso quintal
Onde o silêncio palrador preenche todo o vazio envolto em nosso derredor
Sob os pendores climáticos acentuados no mais profundo acolhimento
Nas vastidões de nossas verdades e incertezas que pairam em nosso universo
Auscultávamos os ensinamentos dos elementos fomentadores de nossa natureza
Para entrelaçados em nossos sentimentos pudéssemos perscrutar nossa primavera
No outono da vida que lentamente o tempo nos apresenta em nosso presente
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