Guardado por amor...

Guardo-te, presente e viva, em toda ausência minha,

perturbando-me as dores e animando-me as fantasias,

como se o nosso amor fosse fantásmico

e nossas almas lívidas e frias.

Sinto-te a emergir da pele desses meus desejos,

como um breu que nada me pudesse revelar,

pedindo-me a carne, pedindo-me o ar...

e eu tido no esquecido espaço de ninguém,

onde se pode morrer vivo e em desalinho,

corpo e alma, hálito e vinho,

dentro da mais lúcida embriaguês destas palavras.

Ainda te guardo viva e esquecida

dentro do mais lembrado amor tive na vida.