Despedida

Encontrei teu corpo maltratado e esvaído em sangue

À beira de um lamaçal pantanoso ao longo da estrada,

Sob tuas vestes rasgadas vi tua vida malograda

E teu futuro ceifado por mãos homicidas de temível gangue.

Senti profundo arrepio ao deparar-me com medonha cena,

Meus olhos choraram a infelicidade de tua desdita,

Tua morte calou-me fundo uma sensibilidade que precipita

O amor embutido em mim e que agora perdido despenca.

Como pude omitir em mim um sentimento que me devora?

Como pude abandonar-te em tão obtusa e difícil hora?

Foi o medo de amar-te e de entregar-te minha alma...

Resta-me endereçar teu ataúde ao seio da terra,

Afugentar os abutres que rondam tua sepultura lá na serra

E deixar cair sobre ti as lágrimas que meus olhos deságuam!

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 19/03/2012
Código do texto: T3562511
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