TU TE LEMBRAS?

Sei que ninguém

me ouve.

Bem sei.

Há tempos é assim.

Nem eu mais

me dou ouvidos.

Nem mesmo escuto

os interiores alaridos

a que me imponho,

seja essa grita

em vida ou

em sonho...

Sei também que tu

não mais me cogitas.

Mas houve um dia,

tu te lembras?

Um dia que sopita

Uma luz ao longe...

O meu canto

te acendia,

te sorria... Esplendias

ao meu encontro

e tu morrias,

Ah, tu querias...

Tu sentias,

no teu silêncio,

que o tal momento,

como por encanto,

era o acalanto meu...

Que era

o meu silêncio

no som

do teu pranto

de alegria...

Pois, hoje,

tu não ouves

nem o triste

silêncio

do pranto meu.