AMOR DE ALBATROZ
Eu me lembro dos teus olhos
Dos teus beijos que me soçobram
Vejo que tantos brilhos me sobram
Teus sonhos vivem nos meus
Famintos eles me entranham como sementes
Me diluem me consomem e somem em sementes
Me fermentam me espremem sem o éter
Tiras meu suéter e no afã tiro teu sutiã
Eu me lembro de cada curva de cada estrada
Que passeei pelo dorso dourado de teu ecrã
De cada margem mapeada pelo sentimento do amor
Calendulas amarelando o sol poente da praia
Beirando a tua concha de algas a beira mar
Minha língua áspera pela espera se espraia
És lagoinha que se forma na praia a me banhar de sais
Quero me deslizar pelas dunas e por de trás de ti
Me despir de tuas vestes abissais
Contorcem-se como contralto de bem te vi
Voas é certo como albatroz a atracar no cais
Fostes a galope no lombo de um puro sangue
Pra longe sumistes sem rédeas como espoleta
Teu contorcionismo se desfigurando na areia
De meu olhar de ampulheta
Finalmente no final da poesia
Não se misturam terra com a ressaca do mar
Resta-me saudade e nos olhos a maresia.....