AMOR DE ALBATROZ

Eu me lembro dos teus olhos

Dos teus beijos que me soçobram

Vejo que tantos brilhos me sobram

Teus sonhos vivem nos meus

Famintos eles me entranham como sementes

Me diluem me consomem e somem em sementes

Me fermentam me espremem sem o éter

Tiras meu suéter e no afã tiro teu sutiã

Eu me lembro de cada curva de cada estrada

Que passeei pelo dorso dourado de teu ecrã

De cada margem mapeada pelo sentimento do amor

Calendulas amarelando o sol poente da praia

Beirando a tua concha de algas a beira mar

Minha língua áspera pela espera se espraia

És lagoinha que se forma na praia a me banhar de sais

Quero me deslizar pelas dunas e por de trás de ti

Me despir de tuas vestes abissais

Contorcem-se como contralto de bem te vi

Voas é certo como albatroz a atracar no cais

Fostes a galope no lombo de um puro sangue

Pra longe sumistes sem rédeas como espoleta

Teu contorcionismo se desfigurando na areia

De meu olhar de ampulheta

Finalmente no final da poesia

Não se misturam terra com a ressaca do mar

Resta-me saudade e nos olhos a maresia.....

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 18/03/2012
Reeditado em 24/03/2012
Código do texto: T3562023
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