O voo do viandante


Nas dobras das sombrias esquinas
vai incauto e vão peregrinando
por vales, sertões e campinas
orfão de amor, esvaziado, vagando

Em árvore subiu a se abrigar
no ninho de uma pomba forasteira
Deitou cansado de em vão caminhar
pensando ser sua presa derradeira

Tarde se esquivara, rompe-se o galho
Grita o andejo irônico ao vazio

Que faz aqui ó infame rebotalho
inerte, vendo a morte de seu brio?



Vislumbrando da noite a volúpia
a oferecer-lhe a taça da tentação
Da forasteira, a escuridão dúbia
perdeu-se ao alvorecer n´amplidão

Quanta beleza nas trilhas da descida
Hibisco tocando os lábios do beija-flor
Pintassilgo fazendo seu ninho atento 
Seiva escorrendo marcando a despedida
da alma viandante que levada ao vento 
adormeceu em seu curso para o amor








 
Maria Celene Almeida
Enviado por Maria Celene Almeida em 17/03/2012
Reeditado em 22/03/2012
Código do texto: T3559307
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