Desejo Silente

Comedido pelos cristais emanados,

Das palavras, oferto ao mar flores e dores

Lucidas à flor da pele, acariciantes

Como o olor das brisas adentrando

Feito anjos pelo alvo balcão!

Fruto dos mistérios guardados pela noite

Deleito-me nestes versos que ontem li

Num dourado papiro ancião do tempo,

Guardião dos poemas desenhados n’alma

Lousa de todo sentimento!

Entre as molduras, o rosto,

A face já versada em amiúdes retratos,

Relíquias e abecedários decifrados

Nas estações presentes à rosa dos ventos,

Amiga do tempo, silente ao desejo!

No risco e no rabisco de poesias antológicas,

A fé renova-se brotando simples pelos trigais

Inventando a cada manhã um balé natural

Ao olhar do âmago em melancolia,

Buscando no crepúsculo uma resposta ao poetar!

Auber Fioravante Júnior

16/03/2012

Porto Alegre - RS