TONTURAS DESAFINADAS.

Te vi certa vez cansada, desarmada, com pesos nos olhos.

Suas mãos pareciam chorar como nunca vi antes.

Já era tarde para voltar, e muito cedo para prosseguir,

era mesmo muito tarde.

Tentei reunir seus ossos, mas eles se revoltaram e arredaram pé.

Tente pedir perdão, mas minha voz empacara para sempre. Pena.

O tempo nunca foi meu aliado, agora se dizia acéfalo, pouco sentia do seu coração. Saudade.

Não reconhecia mais você, não tinha mais você. Cadê você, cadê?

De repente começou a chover. E tudo passou a ruir dentro de mim, dentro de nós.

Nos galhos cediam ao peso dos nossos vazios. O vão das nossas almas estava louco pra mamar

num peito, seja ele qual fosse. Deleite.

Volta pra mim, diz o que quiser, mas volta pra mim.

Tudo está cariado sem a sua luz. Maria, Luana, Rátira, Fel, Dorina, cadê vocês, cadê?

Certa feita ainda teremos algo mais a dizer, a tecer, a esquecer. Volta pra mim.

Espero ainda poder abraçar cada calo velho da sua fé, espero sim.

Mas o tempo não quer se coalhar dentro do nosso útero enraivecido pelas tonturas

desafinadas que ainda persistirão.

Volta pra mim, volta, vai.

Antes que seja o nosso último gole, o nosso mais terno caminhar. Volta pra mim, amor.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 15/03/2012
Código do texto: T3555547
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