TONTURAS DESAFINADAS.
Te vi certa vez cansada, desarmada, com pesos nos olhos.
Suas mãos pareciam chorar como nunca vi antes.
Já era tarde para voltar, e muito cedo para prosseguir,
era mesmo muito tarde.
Tentei reunir seus ossos, mas eles se revoltaram e arredaram pé.
Tente pedir perdão, mas minha voz empacara para sempre. Pena.
O tempo nunca foi meu aliado, agora se dizia acéfalo, pouco sentia do seu coração. Saudade.
Não reconhecia mais você, não tinha mais você. Cadê você, cadê?
De repente começou a chover. E tudo passou a ruir dentro de mim, dentro de nós.
Nos galhos cediam ao peso dos nossos vazios. O vão das nossas almas estava louco pra mamar
num peito, seja ele qual fosse. Deleite.
Volta pra mim, diz o que quiser, mas volta pra mim.
Tudo está cariado sem a sua luz. Maria, Luana, Rátira, Fel, Dorina, cadê vocês, cadê?
Certa feita ainda teremos algo mais a dizer, a tecer, a esquecer. Volta pra mim.
Espero ainda poder abraçar cada calo velho da sua fé, espero sim.
Mas o tempo não quer se coalhar dentro do nosso útero enraivecido pelas tonturas
desafinadas que ainda persistirão.
Volta pra mim, volta, vai.
Antes que seja o nosso último gole, o nosso mais terno caminhar. Volta pra mim, amor.
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