Poeta
O que é ser poeta se não um fazedor de ilusões e mitos.
Mas como poderíamos viver sem isso? Nossas ilusões.
Como é gostoso fabricar na alma algo que não existe,
Sonhar com o que poderá vir-a-ser, iludir-se consigo mesmo.
Como é gostoso sentir a dor e falar bem dela, que ainda a ama,
Falar também que o amor pode-se ir, mas nunca seus versos,
Falar do passado como se fosse hoje e a nostalgia se perde no tempo.
Ah poeta! De coração tão grande, tão confuso e verdadeiro,
Tu que crias e não és criado, pois ninguém cria um poeta.
Tu que da vida ao sentimento, e tua carne estremece em golpes,
Que da ânsia do teu sofrer nasce sempre algo belo e verdadeiro,
Esse estrênuo que vaga pela noite e se embriaga ao dia,
És tu, o maior ilusionista que a terra tem e sem ti nem ela seria,
Pois criaste e recriaste essa divindade chamada amor.