Partimos, estrada e eu
A estrada pediu em segredo que a levasse até onde o sol se põe
partimos, estrada e eu
inventando lugares onde desaguasse igarapés
e desenhando a próxima curva
onde os ipês fossem plantados já em flor.
Num estante a estrada sumia para dar lugar a serra
e quando sentia sua falta, lá estava o mar...
Tudo é azul, menos esse perfume:
é o cheiro inventado das flores de laranjeira,
saídas de outra página,
que ocupa o tempo que resta até que possamos chegar.
E vamos nós, lembrança de terceiros, para que o corpo faça sentido nos lugares em que falte nossa luz.