As Ondas do Mar…

Tentei criar algo de rebuscado

Já demasiado visto

Um algo demasiado popular

Ou demasiado intelectual

Cheio de referências

E citações

Das tuas leituras

Das tuas vivências

Um algo de que fosses gostar

Reparando que sempre fizera tal

Mesmo sem te conhecer

E por isso limitei-me a reproduzir os erros

Do lugar comum

E talvez por isso

Em vez de me aproximar de ti

De ti estava-me a afastar…

Em coisas que se dizem

Em coisas que se repetem

Até à derradeira exaustão

Em coisas que parecem um eco

Porque nos são devolvidas

De uma forma por vezes subliminar

O lado perverso da repetição…

No qual descobrimos que nos repetimos

Quando julgávamos dizer algo de novo

Algo de inusitado

Na crença que a pedra filosofal

De criar algo de único

Ainda não foi achada

Ou descoberta

Na crença tola

De que as palavras

E os gestos belos que te dou

São meras reproduções

Serigrafias sensoriais

A que falta

Algo de original

Mas quando se diz que se gosta

E se diz com tal emoção

Com tal dedicação

Aquilo que dizemos

Parece ser sempre algo de novo

Embora não seja nada de novo

O que nos trás por cá

Apesar do desejo de desmistificar esse mito

Ser apenas um desejo

Que morre

Pela realidade

De nele

Ninguém realmente acreditar

Um desejo que se esgota

Assim como se esgotam e se recriam

Todos os dias desde o começo dos tempos

As ondas do mar…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 11/03/2012
Código do texto: T3547834
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