AINDA NAS PEDRAS DA RUA

Preciso sair das pedras dessa rua escura

Que vai até ao rio, que se esconde na serra,

Enquanto eu cá, nesta terra, vivo por você,

Que não quer ouvir o que eu tenho pra dizer,

Nesta longa e dolorosa espera

E meu pensamento voa, alto

E me põe o peito em sobressalto

Desejoso pela volta tua

E assim me exponho

Quando me apareces, em sonho

Acordo e fico a olhar a rua

Mas você é mesmo osso duro de roer

Empina o nariz e não quer saber

E não quer mesmo ouvir o que tenho pra dizer

Faz pouco caso, desdenha e me humilha

E me diz para seguir em outra trilha

Que não te fale, não te siga, para não te ver

Mas a saudade não me faz consciente

E tua lembrança me faz tão impotente

Para reagir, para decidir, se ainda quero ir

A tua procura, e mesmo assim, sem sair

Me pego a pensar em ti, nessa amargura

Mas, é ali, naquela rua escura,

De pedras reluzentes, à luz da lua,

Que me encontro sempre

Quando sinto de verdade

A dura realidade

Onde vejo tua sombra amada

A passear pela calçada

Penso ouvir dizer-me que inda serei tua

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Texto feito a partir de uma conversa com Tereza Cordioli,

“Que não quer ouvir o que eu tenho pra dizer” (disse)

Apenas sugestão, coisa de poeta (dela)...

Paulo Gondim
Enviado por Paulo Gondim em 21/01/2007
Código do texto: T354542
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