AINDA NAS PEDRAS DA RUA
Preciso sair das pedras dessa rua escura
Que vai até ao rio, que se esconde na serra,
Enquanto eu cá, nesta terra, vivo por você,
Que não quer ouvir o que eu tenho pra dizer,
Nesta longa e dolorosa espera
E meu pensamento voa, alto
E me põe o peito em sobressalto
Desejoso pela volta tua
E assim me exponho
Quando me apareces, em sonho
Acordo e fico a olhar a rua
Mas você é mesmo osso duro de roer
Empina o nariz e não quer saber
E não quer mesmo ouvir o que tenho pra dizer
Faz pouco caso, desdenha e me humilha
E me diz para seguir em outra trilha
Que não te fale, não te siga, para não te ver
Mas a saudade não me faz consciente
E tua lembrança me faz tão impotente
Para reagir, para decidir, se ainda quero ir
A tua procura, e mesmo assim, sem sair
Me pego a pensar em ti, nessa amargura
Mas, é ali, naquela rua escura,
De pedras reluzentes, à luz da lua,
Que me encontro sempre
Quando sinto de verdade
A dura realidade
Onde vejo tua sombra amada
A passear pela calçada
Penso ouvir dizer-me que inda serei tua
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Texto feito a partir de uma conversa com Tereza Cordioli,
“Que não quer ouvir o que eu tenho pra dizer” (disse)
Apenas sugestão, coisa de poeta (dela)...