Vácuo sensorial, ou a predominância de demasiados sentidos…

Alma farta

De sensações

A precisar

De as descarregar

De as esvaziar

A precisar

De partir para o desconhecido

E nesse desconhecido se completar…

A precisar

De acidentes desconhecidos

Sem o final previsível

Do que os antecederam

A precisar de novos cavalos selvagens para domar

Porque os velhos

Os seus velhos hábitos

Transformaram-se em defeitos

Que quando eram novos eram algo

Que se deixou de se apreciar…

Numa procura demente

Por novas sensações

Novos rostos

Novas lágrimas

Novos sorrisos

Novas intensidades

Sem olhar para o que se deixou para trás

Porque o vento

A frescura

Do que foi amado

Ficou poluído

E nada de novo

Deles restou

Por defeito nosso

Pelo nosso pecado social

De queremos ver nos outros

O espelho

Do nosso ideal

Por querermos amar

Demasiadas vezes

Não a diferença

Que nos poderia fazer voar

Para locais

Com os quais

Não nos atrevemos sequer a sonhar

Por querermos amar

Não a diferença

Mas alguém demasiado parecido com nós

Desconhecendo

Que esse amor

Não diversificado

Estereotipado

Não nos completa

Só nos deixa

Ainda mais sós…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 09/03/2012
Código do texto: T3544057
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