Vácuo sensorial, ou a predominância de demasiados sentidos…
Alma farta
De sensações
A precisar
De as descarregar
De as esvaziar
A precisar
De partir para o desconhecido
E nesse desconhecido se completar…
A precisar
De acidentes desconhecidos
Sem o final previsível
Do que os antecederam
A precisar de novos cavalos selvagens para domar
Porque os velhos
Os seus velhos hábitos
Transformaram-se em defeitos
Que quando eram novos eram algo
Que se deixou de se apreciar…
Numa procura demente
Por novas sensações
Novos rostos
Novas lágrimas
Novos sorrisos
Novas intensidades
Sem olhar para o que se deixou para trás
Porque o vento
A frescura
Do que foi amado
Ficou poluído
E nada de novo
Deles restou
Por defeito nosso
Pelo nosso pecado social
De queremos ver nos outros
O espelho
Do nosso ideal
Por querermos amar
Demasiadas vezes
Não a diferença
Que nos poderia fazer voar
Para locais
Com os quais
Não nos atrevemos sequer a sonhar
Por querermos amar
Não a diferença
Mas alguém demasiado parecido com nós
Desconhecendo
Que esse amor
Não diversificado
Estereotipado
Não nos completa
Só nos deixa
Ainda mais sós…