A Tua Boca

A tua boca. A tua boca.

Oh, também a tua boca.

Um túnel para a minha noite.

Um poço para a minha sede.

Os fios dormentes de água

que a tua língua solta num grito cor-de-rosa

e a minha língua sorve e canta

e os meus dentes mordem derramando a seiva

da tua primavera sem palavras

o poema inquieto e livre que a tua boca oferece

à minha boca.

As loucas bebedeiras de ternura

por essa viagem até ao sangue.

Os beijos como fogueiras.

As línguas como rosas.

Oh, a tua boca para a minha boca.

Joaquim Pessoa

Zorro Poeta
Enviado por Zorro Poeta em 08/03/2012
Código do texto: T3543274
Classificação de conteúdo: seguro