À Mulher Triste
Não és mais criança. E és sofrida,
numa luta que em teus olhos refletida
mostra toda a dureza de lutar.
Mas nestes mesmos olhos também vejo
por vezes, num rápido lampejo,
brilhar um arremedo de sonhar.
Quando sorris, é um sorriso triste,
mas que a gente sente que resiste
à vontade verdadeira, que é chorar,
e esse pouco de força que te resta
uma beleza única te empresta,
que me faz te querer e desejar.
Talvez porque sejamos dois vencidos,
os sentimentos foram excluidos
e os deixamos num canto, sem usar,
mas cada dia que passa eu vou sentindo
que aquilo que pensava estar dormindo
teima, quanto te vejo, em acordar.
Ainda inspiras, como vês, carinho,
um sentimento que não vem sozinho
pois meu coração ainda mais quer,
e a carícia que te faço, comportada,
é a demonstração de amor à namorada
e a vontade de te amar como mulher.