Manuscritos de menina
Manuscritos de uma menina
não deixam páginas em branco,
são preenchidos com hiatos de esperanças.
Sonetos de adolescente não mostram retrato,
porém já esconde o vulto do enamorado.
Conto de moça é feito a quatro mãos,
embora continue com a alma engessada.
Rascunho de mulher madura não é entendido,
pois está intensamente sendo vivido:
Ora nos olhos margeados pelo subliminar,
ora nos entremeios de um livro.
Trova de mulher experiente não é lida
e sim sussurrada ao ouvido do amado,
num viés que oscila no ponteiro da eternidade.
Rabiscos de mulher denotam flechas no coração,
o que justifica o buraco negro no peito.
Estrofe de senhora ainda é feita de madrugada,
armazenado no computador,
onde a senha esconde um nome do passado.
Mulher independente,
ainda vive num pretérito que perpetua,
fazendo cócegas nas mãos que alinhavam.
Embora liberta das amarras,
a narrativa da poeta coloca ponto final,
onde supostamente haveria uso da reticências,
ainda utiliza aspas e enfatiza os parênteses.
Literatura de cunho feminino é indecifrável,
não é fácil de ser compilado.
Melhor deixá-los atados às estrelas
em busca de algum outro poeta desavisado.
Manuscritos de menina-mulher são agridoces
prova disso são as fases feminina, feminista e fêmea,
que perpassam, temperadas com sorrisos e lágrimas.
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